Veio gente me pedir uma esmola
Veio gente reclamar uma escola
Veio gente me aplaudir
Veio gente vaiar
Veio gente dormir nas cadeiras
Veio gente admirar meu talento
Veio gente adivinhar meu tormento
Veio gente me xingar
Veio gente me amar
Veio gente disposta a se matar por mim
E eu cantava aquela música, aquela música
Alucinação
Como se eu fosse um punhado de gente
E aquela gente ali, não
Como se o salão repleto fosse um deserto
E eu fosse mil
Mil troncos de árvores velhas
Árvores velhas de pau-brasil
Tanta gente, e estava tudo vazio
Tanta gente, e o meu cantar tão sozinho
Todo mundo, mundo meu
Meu inferno, meu céu
Meu vizinho