Na macega deste meu campo, ai, ai quem achar um lencinho
é meu,
Bordado nos quatro cantos, ai, ai,que foi meu bem quem
me deu.
Não foi ontem , nem agora ai, ai, me deu no tempo
passado,
Aquela mão cor de rosa, ai, ai, de ouro fez o bordado!
Minha esperança procura, ai, ai, o lenço do meu apego,
Dia claro e noite escura, ai, ai, quem ama não tem
sossego.
Só o meu lenço era o arminho, ai, ai, as vezes eu
cismo e penso:
Que a perdiz fez o seu ninho, ai, ai, no arminho do
meu lenço.
Que vale um lenço perdido, ai, ai, ainda que esteja
bordado,
Pois o amor só tem sentido, ai, ai, pra quem ama sendo
amado.
Se ele sumice na poeira, ai, ai, seus restos agora
são:
Um vazio na algibeira, ai, ai, e um vazio no coração.