(Tenho andado bem faceiro,
arrumei uma nega agora, Pedro Bica)
Num fim de tarde eu chegava do campo
Dei uns grito: - cadê a Marculina;
Revirei por tudo que foi canto
Mas já vi de pronto, fugiu a minha china.
Faz uns versos pra mandar pra rádia
De nervoso eu nem pude cantar
Nem sei mesmo se tava rimado,
Mas era um recado pra nega voltar
(Com tanta coisa pra fazer em casa e
Essa nega nojenta passiando)
Que não fosse minha nega eu te disse
Que te trouxe pra ficar aqui
Tu bem sabe que o rancho foi feito
Com todo respeito pras cria e pra ti.
Se soubesse daquilo que se passa,
Tu não tinha fugido, sua tonta
Teu cachorro, teu guaxo e teu gato
Se foram pro mato, tá tudo por conta
(Dos teus bichinhos de estimação,
tá só eu por dentro do rancho)
Vou dar uma dica da minha Marculina
É bem magra e alta tem um bom perfil.
Umas duzentas gramas de beiço,
E o cabelo parece um bom bril.
Pois pra mim até nem quero que vorte
Mas prás crias tu tem que vorta,
Que o Juvência, o bastião e o Jovino
Já estão bem magrinho de tanto chorar
(Choram pior que guaxo,
De saudade da mãe e ela quem sabe adonde por aí)
Ela ouviu os meus versos na rádio
E uma tarde que eu não esperava
Desceu da linha uma china galã
De sarto e raibã, Marculina vortava.
Vai entrando que a porta tá aberta
Quanta cousa tá aqui te esperando
Uma festa pra ti e as crianças
E depois uma dança na tala do mango.
(Tu vai me conta onde tu tava, minha neguinha)
Com carinho de mango eu te ajeito
Tu vai ter que ficar mais uns dia
Se não ensaca teus trapos na mala
Te tapo de bala e te mando a lá cria
A minha nega entendeu meu sufoco
Jurou nunca mas me deixa sozinho
Cai a noite e a nega vira em chama
Me incendeia a cama de tanto carinho
(E a nega me tapa de mimo,
E amanhecemo em claro e ela me ensinando
Cosa nova que aprendeu pela cidade,
Até umas posição diferente,
Um ré maior pra minha gaita véia
Queria pega esse medonho que ensinou
Essas cosa boa pra minha nega, Tchê)