Dá licença meu Rio Grande antigo
vejo a história longe na distância
entre tantas coisas peculiadas
vou citar a de mais importância
já faz parte de uma economia
a pecuária deu grande abonância
mas o novo progresso chegando
foi modificando o destino da estância
As fazendas tinham regalia
marcação e carneavam boiada
convidavam os vizinhos de perto
no outono pra castrá a tourada
o rodeio no alto da coxilha
todo o fecho tinha boa aguada
no sossego a boiada envernando
e fora da cria, as vacas estouradas
A estância era cheia de gado
o estancieiro era conservador
muitas vacas, os terneiros nascendo
apartavam pros invernador
a família morava no campo
conservando o costume valor
enquanto uns permanecem na estância
outros na faculdade, formavam em doutor
Mas um dia tudo transformou-se
ficou triste aquele cenário
a estância ficou dividida
e os herdeiros, hoje são proprietários
não se vê mais o touro berrando
contrariando mais de um centenário
o bagual entristece o relincho
lavraram as coxilhas, depois do inventário.
Hoje a gente vê as cercas caídas
e as casas e galpão no abandono
a figueira já foi arrancada
abraçada com o sinamomo
As formigas cortaram o arvoredo
o patrão dorme um eterno sono
como é triste lembrar o passado
a estância abandonada
chorando seu dono.