De noite eu me sento na beira do rancho
Acendo o paieiro e nomais vou pitando
O canto dum grilo flauteia moiancho
Olhando pro mundo eu fico apreciando
Uma estrela despenca então faço um pedido
Olhando seu risco soltando faísca
No escuro relinchos, berros, gemidos
São bruxas trançando a macumga da vista
Gritando um tarram me dá um sinal
Que água era grande rondando os cordeiros
A goela dum sapo lá no banhadão
Ilustrando a noite do pago campeiro
Os cachorros acuando pras bandas do mato
Boi-tatá alumiando pno campo do fundo
São lendas, fantasmas mostrando seus fatos
Evoca respeito os mistérios do mundo
Urutau sofeja cantando tristezas
Da querência santa do meu bisavô
Enterros de ouro, fortunas riquezas
Tesouro encantado que ninguém achou
Gritando um tarram me dá um sinal
Que água era grande rondando os cordeiros
A goela dum sapo lá no banhadão
Ilustrando a noite do pago campeiro
As vez rezo a Deus por me dar a vida
Criar a natureza com sua perfeição
Ouço o Quero-Quero fazendo larida
O pio e a risada de algum corujão
Então me recolho meu ninho aos pelegos
Estico a carcaça e fico pensando
Os que os homens do povo não tem aconchego
O que falta pra eles eu tenho sobrando
Gritando um tarram me dá um sinal
Que água era grande rondando os cordeiros
A goela dum sapo lá no banhadão
Ilustrando a noite do pago campeiro
(São os mistérios da noite, do meu Rio Grande crioulo
principalmente lá do São Gregório terra do payador
missioneiro Nélio Lopes, um abraço parceiro véio)