Roncava embaixo dos pucheros froxou os cascos e quebrou o rabo
E o moreno que ia no basto largava o mango de cabo
Era um tal de negro lua, encastiçado com o diabo.
Era uma zaina "veiaca" crioula do toro passo
Saltava as patas pra cima se dava volta no rastro
Tosei a maula de espora, e deixei machorra a laço
Perdi as rosetas das esporas e por arte do capeta
A égua mandava lombo soltando leite das tetas
Parece que bailava um tango, nos bailes da guampa preta.
"Parceiro não leve a mal esta minha templa xirua
Nasci no rincão do inferno mamei numa bugra nua
E se o céu me cair por riba saio no furo da lua".
Herdei a vida gineta do africano e do charrua
Me criei golpeando potro nesta lida bruta e crua
Sou dono dos meus arreios, e me chamo negro lua
Quero morrer no inverno pra não me inchar a carcaça
Coloquem no meu caixão em respeito à minha raça
As minhas garras de domar e uma guampa de cachaça
Quero quatro "muié pelada" carregando meu caixão
E as alças da minha cordeona enrolem nas minhas mãos
De travesseiro me ajeitem as crinas de um redomão
Bochincho, china e cordeona, foi a minha diversão.