Toda força desta vida
Vem da terra que palpita
No seio do coração
É seiva que vem do chão
E se transforma em paixão
Cicatrizando feridas
O pão que madruga os fornos
Misturado ao apojo
Escorrido na mangueira
Traz na seqüência dos dias
A verdade mais antiga
Que o campo é a mesa do povo
O braço que estende laços
A força destes cavalos
É pasto verde, é arado
Plantando o aço do corpo
É o sal das sangas do rosto
Junto aos rebentos semeados
Toda escassez que maltrata
É injustiça que abarca
Nos recintos do improviso
Onde os senhores do vício
Fazem planos e ofícios
Com insensatez de gravata
A dor que mexe com a gente
É que a cultura indigente
Anda pedindo socorro
A terra morre de fome
Pra alimentar sobrenome
Que germinam inconseqüentes
A coragem deste canto
Surgiu aos olhos da terra
Como se ela criasse
A construção do poema
E reclamasse suas penas
Porque todos vivem dela