Prá quem nasceu como aurora, num encontro de coxilha
Tendo a cor das madrugadas, tipo de raça andarilha
Semblante de primavera, nas flores da maçanilha
João soltou boleadeiras, no sepiliado dos planos
Estendeu laços nos ares, nas potreadas de araganos
Somando no marca, talhas, a incerta conta dos anos
Juntou pêlos nas esporas, queimados no tirador
No arquivo das retinas, imagens de cruzador
Quando o apojo das noites, serenava o maneador
Amassou tantos pelegos, no rugado das canhadas
Cevou muitos horizontes, com boieiras e alvoradas
Ramalhou buscando rumos, no relento das estradas
Perfil de campo dobrado, lá beirando pro banhado
Assoita cavalo antigo, de copa cinza prateado
Sombra de touro radiando, num caponete povoado
Resto de tropas, fogões, sinuelo, apartes, rodeios
Cinchando gasto da vida, na sedeira dos arreios
Queimou do lombo a existência, pelo chergão dos anseios
Reminiscência e distância, num par de esporas caladas
E os pelegos punilhados, descansando das troteadas
Deixou impresso o seu tempo, nos anais das invernadas