Ando por aí, sovando um pelego, sobre um arreio
bancando no freio o que a vida toda me der costado
só pelo gosto de querer meu mundo inteiro
no entreveiro, das quetro patas do meu gateado.
Eu busco um rumo que toda a vida outros seguiram...
-De onde partiram, pra onde foram, nem sabe Deus?
Eu vou por onde a minha alma "topá a parada"
invento a estrada, se não der certo, "quem sabe é eu"..
Saber da vida, é pra quem tem tempo e sabedoria
conforme o dia, deixo que a sorte mostre a verdade
levo da estrada, só o que a poeira pra mim deixou
pra onde vou, não vale a pena levar saudades.
Quem tem a alma, feita de estradas e coisas boas
não anda á toa, nem traz "nos tento" laço emendado
estende a armada de toda trança, volta e rodilha
e da presilha, enxerga o pealo, lá do outro lado.
Eu sou assim, de lua e sol e de ventania
na rebeldia de um potro que "inda" se amansa
num dia desses, quando o setembro puxar do queixo
de certo deixo, de ser estrada, pra ser lembrança.
De vez em quando, quando a estrada pede pousada
numa aguada, eu desencilho, pingo e sossego
é só um mate, jujos pra alma, pouca demora
e estrada fora, sigo na vida, sovando um pelego.